"Sim, é muito provável que a C.N.T. tivesse alguma razão. Mas, afinal de contas, havia uma guerra a empreender, e eles não tinham de dar início a uma luta na retaguarda". Com isso concordo integralmente. Qualquer desordem interna poderia ajudar Franco. Mas o que realmente precipitou a luta? O Governo podia ter ou não o direito de tomar o Centro Telefónico, mas o importante é que em tais circunstâncias isso deveria desencadear uma luta. Tratava-se de ato de provocação, gesto que afirmava de fato, e presumivelmente visava afirmá-lo: "Seu poder terminou, e estamos tomando conta agora". Não era sensato esperar outra coisa que não a resistência. Quem mantiver sua noção de proporções terá de compreender que a falta não foi - e não podia ser - cometida por apenas um dos lados. O motivo pelo qual se viu aceita uma versão unilateral é, simplesmente, que os partidos revolucionários espanhóis não têm guarida na imprensa estrangeira. Na inglesa, principalmente, seria preciso procurar muito para achar qualquer referência favorável, em qualquer período da guerra, aos anarquistas espanhóis. Eles foram sistematicamente denegridos, e como sei por minha experiência própria, é quase impossível fazer com que se imprima qualquer coisa em sua defesa.
Procurei escrever de modo objetivo sobre as lutas em Barcelona, embora seja óbvio que ninguém consiga. ser completamente objetivo numa questão desse tipo. Estamos praticamente forçados a tomar partido, e deve estar bem claro em que lado eu me situo. Também é inevitável que eu tenha cometido enganos de fato, não só aqui como em outras partes desta narrativa. E muito difícil escrever com precisão sobre a guerra espanhola, devido à falta de documentos que não os destinados à propaganda. Quero prevenir a todos quanto à minha preferência, bem como a respeito de meus enganos. Ainda assim, procurei o mais que pude ser sincero.