Homenagem à Catalunha - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 123 / 193

A bem da verdade, duvido que a difamação atirada sobre os milicianos do P.O.U.M., e vinda da retaguarda, conseguisse abater-lhes o moral. Mas certamente visava isso, e os responsáveis por ela devem ser encarados como gente capaz de pôr a divergência política acima da unidade antifascista.

A acusação feita ao P.O.U.M. resumia-se no seguinte: que um conjunto com alguns milhares de pessoas, quase todas advindas da classe trabalhadora, além de numerosos simpatizantes e voluntários estrangeiros, em sua maioria refugiados de países fascistas, e milhares de milicianos, não passava de uma vasta organização de espionagem a soldo dos fascistas. Isso ia contra o bom senso, e a história passada do P.O.U.M. bastava para torná-lo inacreditável. Todos os dirigentes do P.O.U.M. tinham histórias revolucionárias em seu passado, e alguns participaram da revolta de 1934, e a maioria fora presa por atividades socialistas no Governo Lerroux ou na monarquia. Em 1936, seu dirigente, Joaquim Maurín, fora um dos deputados que alertara nas

Cortes a respeito da revolta iminente de Franco. Pouco depois da eclosão da guerra fora aprisionado pelos fascistas quando procurava organizar a resistência na retaguarda de Franco. Ao irromper a revolta, o P.O.U.M. desempenhara papel de relevo na resistência contra a mesma, e especialmente em Madriddd muitos de seus membros foram mortos nas lutas de rua. Fora uma das primeiras organizações a formar colunas de milicianos na Catalunha e Madriddd. Parece quase impossível explicar tais atividades como passos dados a soldo fascista. Um partido trabalhando pelos fascistas iria, simplesmente, engrossar o outro lado.

Tampouco existiu qualquer sinal de atividades favoráveis aos fascistas durante a guerra. Podia-se argumentar - embora eu não concordasse com isso, em exame final - que fazendo pressão por uma política mais revolucionária o P.O.U.M. dividia as forças do Governo e, assim, ajudava os fascistas; e acredito que qualquer Governo de tipo reformista estaria justificado em encarar um partido como o P.O.U.M. como tropeço. Mas isso é muito diferente de traição direta. Não há meio para explicar como, se o P.O.U.M. realmente fosse uma organização fascista, sua milícia permanecia leal e fiel. Ali estavam oito ou dez mil homens sustentando partes importantes da linha de frente durante as condições intoleráveis do inverno de 1936-37. Muitos deles estiveram nas trincheiras por quatro ou cinco meses seguidos, e torna-se difícil explicar o motivo por que não abandonaram a linha ou se bandearam para o inimigo.





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