Capítulo 13: Capítulo 13
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Mas quem visse as prisões espanholas, as cadeias improvisadas que se utilizavam para os presos políticos, poderia compreender quão reduzida era a possibilidade de que um homem doente recebesse qualquer cuidado médico adequado. As cadeias eram lugares que somente poderiam ser descritos como calabouços. Na Inglaterra, seria preciso voltarmos ao Século XVIII para encontrar alguma coisa comparável. Os indivíduos eram amontoados em cubículos onde mal havia espaço para deitar, e muitas vezes iam ter a porões e outros lugares sem luz. Não se tratava de medida temporária - pois havia casos de gente que fora mantida quatro ou cinco meses sem ver a luz do dia. E recebiam uma alimentação suja e insuficiente, de dois pratos de sopa e dois pedaços de pão por dia. (Alguns meses mais tarde, no entanto, a comida parece ter melhorado um pouco.) Não estou exagerando, e sugiro uma consulta a qualquer suspeito político preso na Espanha. Tenho relatos sobre as cadeias espanholas, vindos de numerosas fontes, e eles concordam uns com os outros em grau que não pode ser posto em dúvida. Além disso, eu próprio tive alguns vislumbres de uma cadeia espanhola. Outro amigo inglês, preso mais tarde, declara que, pelo que ele passou na cadeia, "torna-se mais fácil compreender o caso de Smillie". Mas a morte do rapaz não é coisa que eu possa perdoar com facilidade. Tratava-se de um moço corajoso e cheio de talento, que abandonara sua carreira na Universidade de Glasgow para lutar contra o fascismo e que, como eu mesmo pudera ver, desempenhara sua tarefa na linha de frente com coragem e presteza impecáveis; e tudo quanto podiam descobrir para recompensá-lo era uma cadeia onde o deixaram morrer como um animal abandonado. Sei que em meio a uma guerra enorme e sangrenta não adianta fazer muito barulho por causa de um indivíduo morto.
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