Orgulho e Preconceito - Cap. 24: Capítulo XXIV Pág. 146 / 414

Enfim, era um assunto ao qual seria necessário dedicar uma longa reflexão antes que se pudesse chegar realmente a algum resultado. Não encontrava outra hipótese. E no entanto, quer a afeição de Bingley tivesse realmente declinado, sufocada ou não pela interferência dos amigos, quer ele tivesse consciência da afeição de Jane, ou ao contrário, a ignorasse, em qualquer um dos casos, e embora a sua opinião acerca de Bingley variasse forçosamente segundo essas hipóteses, a situação da sua irmã permanecia a mesma, a sua paz de espírito igualmente perturbada. Passaram-se um ou dois dias antes que Jane adquirisse coragem para falar a Elizabeth acerca dos seus sentimentos; mas afinal, um dia em que Mrs. Bennet, depois de se queixar com mais irritação do que de costume de Netherfield e seu proprietário, as deixara sozinhas, Jane não pôde se impedir de dizer para a irmã:

- Oh, eu queria que mamã tivesse mais domínio sobre si mesma. Ela não tem ideia da dor que me causa, falando continuamente nisto. Mas não me queixarei; não pode durar muito tempo. Ele será esquecido e todos seremos felizes como antes.

Elizabeth olhou para a irmã com solicitude e incredulidade, mas não disse nada.

- Você duvida de mim? - exclamou Jane, corando ligeiramente. - Você não tem razão. Talvez ele continue a viver na minha memória como o homem mais atraente das minhas relações. Mas é tudo. Não tenho que esperar ou que temer. E não tenho nenhum motivo para censurá-lo. Graças a Deus não tenho esta dor. Dê-me um pouco de tempo e certamente eu tentarei esquecê-lo.

Numa voz mais forte acrescentou, pouco depois:

- Eu tenho desde já este consolo. É que tudo não foi mais do que um erro da minha imaginação, e que esse erro não fez mal a ninguém a não ser a mim mesma.





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