Orgulho e Preconceito - Cap. 5: Capítulo V Pág. 19 / 414

- Não acredito numa só palavra. Se fosse assim tão agradável, teria conversado com Mrs. Long. Mas eu compreendo tudo; todo mundo diz que ele é terrivelmente orgulhoso, e com certeza ouviu dizer que Mrs. Long não tem carruagem e que teve de ir ao baile num carro alugado.

- Pouco me importa que ele não tenha conversado com Mrs. Long - disse Miss Lucas -, mas eu queria que ele tivesse dançado com Eliza.

- Se eu fosse você, Lizzy - disse a mãe -, na próxima vez me recusaria a dançar com ele.

- Creio que posso-lhe prometer com segurança que nunca mais dançarei com ele.

- O orgulho dele não me ofende tanto - disse Miss Lucas - como o orgulho em geral, porque existe um motivo. Não é de admirar que um rapaz tão distinto, com família, fortuna, tudo a seu favor, tenha de si mesmo uma alta opinião. Se posso exprimir-me assim, ele tem o direito de ser orgulhoso.

- Isto é bem verdade - replicou Elizabeth -, e eu perdoaria facilmente o seu orgulho se ele não tivesse mortificado o meu.

- O orgulho - observou Mary, que se gabava da solidez das suas reflexões - é um defeito muito comum, creio eu. Por tudo o que tenho lido, estou mesmo convencida de que é muito comum, que a natureza humana manifesta uma tendência muito acentuada para o orgulho, que são pouquíssimos os que não alimentam esse sentimento, fundados em alguma qualidade real ou imaginária! A vaidade e o orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinônimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho se relaciona mais com a opinião que temos de nós mesmos, e a vaidade, com o que desejaríamos que os outros pensassem de nós.

- Se eu fosse tão rico quanto Mr. Darcy - gritou um jovem Lucas, que tinha vindo com as irmãs -, não me importaria de ser orgulhoso, teria uma matilha de perdigueiros e beberia uma garrafa de vinho todos os dias.





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