Orgulho e Preconceito - Cap. 33: Capítulo XXXIII Pág. 201 / 414

Depois de observá-la durante alguns instantes, Fitzwilliam perguntou-lhe por que estava tão pensativa.

- Estive pensando no que acaba de me contar - disse ela. - A conduta do seu primo não se coaduna com os meus sentimentos. Por que é que ele se arrogou o direito de julgar?

- Parece que a senhora está disposta a considerar a interferência dele inoportuna.

- Não sei com que direito Mr. Darcy pode decidir a respeito da legitimidade das inclinações do amigo, ou baseado apenas no seu julgamento determinar de que maneira aquele amigo poderia ser feliz. Mas - continuou ela, voltando a si - como não conhecemos as circunstâncias, não é justo condená-lo. Não suponho que existisse grande afeição nesse caso.

- A suposição não é improvável - disse Fitzwilliam -, porém diminui bastante o triunfo do meu primo.

Estas palavras foram ditas em tom de gracejo; mas pareceu a Elizabeth que traçavam um retrato tão justo de Mr. Darcy que ela resolveu refrear a resposta. E portanto, mudando abruptamente de assunto, falou de coisas banais até que chegaram à reitoria. Aí, logo depois que o visitante partiu, ela se trancou no quarto para pensar sem interrupção em tudo o que tinha ouvido. Não era de supor que fossem outras as pessoas envolvidas. Não poderiam existir no mundo dois homens sobre os quais Mr. Darcy exercesse um domínio tão absoluto. Ela nunca duvidara de que ele tivesse tido a sua parte nas medidas que tinham sido adotadas para separar Mr. Bingley de Jane. Mas sempre atribuíra a Miss Bingley a iniciativa do plano e a parte mais importante da execução. Se ele não tivesse sido portanto iludido pela própria vaidade, Mr. Darcy, com o seu orgulho e seu capricho, era a causa de tudo o que Jane tinha sofrido. Tinha arruinado por algum tempo todas as esperanças de felicidade para o coração mais afetuoso e mais generoso do mundo.





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