Orgulho e Preconceito - Cap. 34: Capítulo XXXIV Pág. 206 / 414

Mas isto tem pouca importância.

- Por minha vez, eu poderia perguntar - replicou ela - por que, com o intuito tão evidente de me ofender e de insultar, o senhor resolveu dizer que gostava de mim contra a sua vontade, contra a sua razão e mesmo contra o seu carácter. Não é escusa suficiente para a minha falta de cortesia? Se é que realmente cometi essa falta... Mas tenho outros motivos para me sentir ferida. E o senhor bem o sabe. Mesmo que os meus sentimentos não lhe fossem contrários, se lhe fossem indiferentes ou mesmo favoráveis, o senhor acha que qualquer consideração me inclinaria a aceitar um homem que arruinou talvez para sempre a felicidade de uma irmã querida?

Enquanto ela pronunciava estas palavras, Mr. Darcy mudou de cor. Mas a emoção foi curta e ele continuou a ouvir sem tentar interromper.

- Tenho todas as razões do mundo para pensar mal do senhor - prosseguiu Elizabeth. - Nenhum motivo poderá escusar o ato injusto e mesquinho que praticou. O senhor não ousará negar que foi o meio principal, se não o único, de separar aquelas duas pessoas e de expô-las à censura e ao ridículo do mundo, uma delas por capricho e instabilidade, outra pela decepção das suas esperanças, causando-lhes um grande mal.

Fez uma pausa e viu, com grande indignação, que ele a ouvia com ar de quem não sentia o menor remorso. Olhou-a mesmo com um sorriso de incredulidade afetada.

- O senhor pode negar o que fez? - repetiu ela.

Ele então respondeu com fingida tranquilidade:

- Não desejo negar que fiz tudo o que pude para separar meu amigo da sua irmã. Tampouco negarei que me alegro desse êxito. Fui mais previdente para com ele do que para comigo próprio.

Elizabeth não quis mostrar que compreendeu a observação, mas o sentido não lhe escapou.





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