Ao receber a carta de Mr. Darcy, Elizabeth não esperava que ela contivesse uma repetição das suas propostas; por outro lado, não tinha a menor ideia a respeito do conteúdo da carta. É fácil imaginar com quanta avidez ela se inteirou dos termos e quantas emoções contraditórias eles lhe produziram no espírito. Durante a leitura os seus sentimentos não podiam ser definidos. Primeiro constatou com assombro que ele acreditava poder se desculpar; estava persuadida de que um justo pudor o impediria de dar qualquer explicação; fortemente prevenida contra tudo o que ele pudesse dizer, começou a ler o seu relato do que tinha acontecido em Netherfield. Leu com uma ansiedade que quase a impedia de compreender; a impaciência de saber o que a próxima frase deveria trazer a incapacitava de aprofundar o sentido daquela que tinha diante dos olhos. Elizabeth imediatamente resolveu que era falsa a alegação de Mr. Darcy de que ele acreditara na insensibilidade da sua irmã. As outras objeções contra o casamento, as piores, a enfureciam de tal forma que aboliam todo o seu desejo de ser justa. As palavras de Darcy não exprimiam nenhum arrependimento; seu estilo não era de quem se quisesse desculpar. Era arrogante, orgulhoso e insolente.
Mas, quando passou para o outro assunto, depois de ter lido, com mais atenção, o relato de acontecimentos que, se verdadeiros, jogariam por terra toda a sua boa opinião sobre Mr. Wickham, e que aliás tinham uma semelhança alarmante com a história que Mr. Wickham contara a seu próprio respeito, os seus sentimentos cresceram em intensidade e se tornaram ainda mais difíceis de definir. O assombro, a apreensão e até o horror a oprimiam. Ela se recusava a acreditar naquilo, exclamando repetidamente: