- Meu tio vai mandar um criado para nos acompanhar.
- Oh, o seu tio... Ele tem um criado? Ainda bem que tem alguém na sua família que pense nestas coisas. Onde trocarão os cavalos? Oh, Bromley, naturalmente. Se falarem lá no meu nome, serão muito bem servidas.
Lady Catherine fez muitas outras perguntas a respeito da viagem. E, como ela própria não respondia a todas, era necessário prestar atenção, coisa que Elizabeth apreciou, pois de outra maneira, com as preocupações que a absorviam, ela poderia até se esquecer do lugar onde estava. Era necessário deixar suas reflexões para as horas solitárias. Sempre que se encontrava so-zinha, entregava-se a elas com alívio. E todos os dias saía a passeio sozinha, para poder se dar ao consolo de recordar as coisas desagradáveis.
Dentro de pouco tempo já sabia a carta de Mr. Darcy quase de cor. Estudava cada frase, e os seus sentimentos para com o missivista variavam frequentemente. Quando se lembrava do seu estilo, ficava cheia de indignação, mas quando considerava a injustiça com que o tinha condenado e tratado, a sua cólera se voltava contra si mesma. Enquanto o desaponta-mento que ele tinha sofrido o tornava objeto de compaixão, o afeto de Mr. Darcy despertava-lhe a gratidão, e o carácter dele, respeito. Mas Elizabeth não podia concordar com o que ele tinha feito. Nem podia arrepender-se da sua recusa. Tampouco sentia a menor vontade de vê-lo. A sua conduta passada era uma fonte constante de amarguras e de ressentimentos. E os infelizes defeitos da sua própria família eram um motivo ainda mais forte de aborrecimento. Eram falhas irremediáveis. Seu pai se limitava a rir e nunca faria nenhum esforço para corrigir as leviandades das filhas mais moças, e sua mãe, cujas maneiras não eram muito melhores, continuava naturalmente insensível a esse mal.