- Estive refletindo novamente sobre o caso - disse Mr. Gardiner, enquanto a carruagem saía da cidade. - E realmente, pensando bem, estou muito mais inclinado do que estava a julgar as coisas como a sua irmã mais velha. Parece-me muito pouco provável que um rapaz qualquer intentasse um desígnio desses contra uma moça, que não é de forma alguma desprote-gida nem carece de relações, e que além disso residia com a família do coronel do regimento dele. Por isto estou fortemente inclinado a acreditar no melhor. Poderia ele supor que os amigos dela não interviriam a seu favor? Poderia esperar ser novamente aceito pelo regimento depois de tal afronta ao Coronel Forster? O risco seria maior do que a tentação.
- Pensa realmente assim? - exclamou Elizabeth, subitamente esperançosa.
- Dou-lhe a minha palavra de que eu também começo a ser da opinião do seu tio - disse Mrs. Gardiner. - Este ato é uma violação tão grande da decência, da honra e do bom senso, que não acho que Wickham fosse capaz de praticá-lo. E você, Lizzy, será que mudou tanto a respeito de Wickham que agora o julgue capaz disto?
- Não o julgo capaz talvez de se descuidar dos seus próprios interesses. Mas de todos os demais descuidos eu o julgo capaz. Se ao menos eu pudesse acreditar no que vocês acabam de dizer! Mas não ouso esperar. Se isto é verdade, por que ele não foi para a Escócia?
- Em primeiro lugar - replicou Mr. Gardiner - não há prova absoluta de que não tenham ido para a Escócia.
- Oh, mas o fato de eles se terem mudado para um coche de aluguel é uma indicação muito clara da sua intenção. E além disso não se achou nenhum sinal da sua passagem na estrada de Barnett.
- Bem, suponhamos então que estejam em Londres.