Orgulho e Preconceito - Cap. 51: Capítulo LI Pág. 336 / 414

Elizabeth nunca o supusera capaz de tal cinismo. Mas ela sentou, resolvendo consigo mesma que para o futuro nunca mais traçaria limites à imprudência de um homem sem escrúpulos. Corou e Jane também, mas os rostos que lhes causavam essa perturbação não se alteraram.

A conversação era incessante. A noiva e a mãe competiam em exuberância. E Wickham, que estava sentado perto de Elizabeth, começou a perguntar pelos conhecidos nas redondezas, com uma tranquilidade bem-humorada que ela sentiu jamais poder imitar nas respostas. Tanto Wickham como a esposa só pareciam ter lembranças agradáveis na vida. Nenhum fato do passado era lembrado com amargura. Ela própria mencionava assuntos a que as irmãs por coisa alguma no mundo aludiriam.

- Imagine, já faz três meses que fui embora - exclamou Lydia. - Não me parecem mais do que quinze dias. E no entanto aconteceram tantas coisas... Quando fui embora, nem sequer imaginava que um dia voltaria casada! Mas pensei que seria engraçado se o fizesse...

Mr. Bennet levantou os olhos. Jane ficou aflita e Elizabeth olhou significativamente para Lydia; esta, porém, continuou, como se nada tivesse visto:

- Oh, mamã, o pessoal daqui das redondezas sabe que eu me casei hoje? Tive receio de que não soubessem. No caminho encontramos William Goulding na sua charrete. E, para que ficasse sabendo, abaixei a vidraça, tirei a minha luva e apoiei a mão no rebordo da janela para que ele visse a minha aliança. Depois, então, eu o cumprimentei e me desmanchei em sorrisos.

Elizabeth achou que aquilo passava dos limites. Levantou-se, saiu, e só voltou quando os ouviu passar através do hall para ir à sala de jantar. Ao entrar, viu Lydia, com sinais de ansiedade no rosto, aproximar-se do lugar à direita da mãe, dizendo para a irmã mais velha:

- Ah, Jane, eu fico agora no seu lugar, você fica mais para baixo, pois agora sou uma mulher casada.





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