Orgulho e Preconceito - Cap. 15: Capítulo XV Pág. 75 / 414

Capítulo XV

Mr. Collins não era um homem sensato e as deficiências da sua natureza não tinham sido compensadas pela educação ou pelo meio; a maior parte da sua vida tinha decorrido sob a direção de um pai ignorante e avarento. Embora tivesse cursado uma das universidades, tinha apenas feito os cursos necessários, sem travar nenhuma relação vantajosa. A sujeição em que o pai o mantivera o dotara, a princípio, de grande humildade de génio, mas isto tinha sido em parte compensado pela tola presunção do seu espírito fútil, pelo isolamento e pela sua súbita e prematura prosperidade. Um acaso feliz fizera com que ele fosse recomendado a Lady Catherine de Bourgh no momento em que a reitoria de Hunsford estava vaga, e o respeito que ele sentia pela posição social daquela senhora, a veneração que sentia pela sua protetora, de mistura com a sua vaidade, a sua autoridade como clérigo e os seus direitos como reitor tinham-no tornado um misto de orgulho e servilidade, presunção e humildade.

Dispondo agora de uma boa casa e de um rendimento mais que suficiente, Mr. Collins tencionava casar-se; e a sua intenção, ao se reconciliar com a família de Longbourn, era justamente escolher uma das filhas de seu parente, caso elas fossem tão bonitas e amáveis como se dizia. Estas eram as reparações que ele tencionava oferecer em troca da sua futura apropriação de Longbourn. Achava o plano excelente, conveniente, excessivamente generoso e desinteressado da sua parte.

O contato com as meninas não o fez alterar o plano. O lindo rosto de Miss Jane até o confirmou nas intenções; as suas preferências quadravam, aliás, com as severas noções que tinha do direito de primogenitura. E desde o primeiro momento a sua escolha recaiu sobre Jane.





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