«Ah!», exclamei eu.
Mas não! A realidade é que uma pessoa não deve atribuir demasiada importância a seja o que for na vida, de bom ou de mau.»
«Viver com as máquinas a meio vapor, é o que isso é», murmurei eu com maldade. «Nem todos podem ser assim.»
«Doravante, talvez o senhor se sinta bastante satisfeito por poder manter sempre esse andamento», retorquiu-me o capitão, como se estivesse consciente do mérito da sua atitude. «E há ainda outra coisa: um homem tem que enfrentar os seus azares, os seus erros, a voz da sua consciência e tudo isso por ai fora. É assim mesmo!... - contra que mais teremos nós que lutar?»
Calei-me. Não sei que terá ele descoberto, entretanto, no meu rosto, mas perguntou-me de modo intempestivo: «Vamos a ver... - o senhor não sente que lhe falta a coragem?»
«Isso só Deus o sabe, capitão Ciles», foi a minha resposta, tão sincera quanto me era possível.
«Está certíssimo», redarguiu ele com toda a serenidade. «O senhor vai aprender, não tarda nada, a não perder a coragem. Uma pessoa tem sempre que aprender tudo... - e é o que muitos desses rapazes que por aí andam não conseguem entender,»
«Bom, mas eu é que já não sou um rapazola.»
«Não», assentiu ele. «Vai largar daqui dentro em breve?» «Vou já para bordo», respondi. «Vou suspender um dos ferros e pôr dentro metade da amarra do outro, assim que a nova tripulação me chegue ao barco, e amanhã de manhã, ao romper do sol, largo para o mar.»
«Sim!», resmungou o capitão Giles, aprovando-me. «E isso mesmo. O senhor vai dar boa conta do recado.»
«Mas de que é que o senhor estava também à espera? Que eu ficasse uma semana em terra por precisar de repouso?», disse-lhe eu, incomodado com os seus modos.