Isso feriu-me com força a atenção. E entre as pessoas que encontrei, contava-se, é claro, o capitão Giles. Teria sido realmente extraordinário que o não tivesse encontrado. Ele empregava regularmente as suas manhãs, quando estava em terra, num passeio prolongado pela zona comercial da cidade.
Ainda de bastante longe, descobri o brilho da cadeia de ouro do seu relógio a cruzar-lhe o peito. Irradiava compreensão e tolerância.
«Então, como foi isso que me contaram?», quis ele saber com um sorriso protector e amigável, depois de termos apertado as mãos. «Vinte e um dias de Banguecoque?»
«Isso foi tudo o que o senhor ouviu contar por cá?», respondi-lhe. «Venha tomar o tiffin comigo. O senhor tem que saber exactamente em que aventuras me meteu.»
Ele ficou hesitante durante quase um minuto.
«Está bem... - vamos lá», decidiu-se finalmente, num gesto de condescendência.
Dirigimo-nos ao hotel. Para minha surpresa, reparei que era capaz de comer a valer. A seguir, já levantada a mesa, comuniquei ao capitão Giles toda a aventura, desde que assumira o comando do navio, com todas as suas peripécias tanto profissionais como emotivas, enquanto ele fumava pacientemente o charuto enorme que eu lhe oferecera.
Por fim, observou-me num tom judicioso:
«O senhor deve estar agora muitíssimo fatigado.» «Não», disse eu. «Não me sinto fatigado. Mas deixe-me, capitão Giles, dizer-lhe o que sinto. Sinto-me velho. E devo ter envelhecido. Os senhores todos, aqui de terra, parecem-me nem mais nem menos uma quantidade de jovens divertidos, que não conheceram nunca coisa nenhuma que os pudesse preocupar a sério neste mundo.»
Ele não sorriu sequer. Guardava uma expressão intolerável de figura modelo. Asseverou-me a seguir:
«Isso vai passar-lhe.