Alice no País das Maravilhas - Cap. 12: 12 - O Depoimento de Alice Pág. 88 / 91

Fez-se um silêncio mortal no recinto, enquanto o Coelho Branco lia os seguintes versos:

“Contaram que falaste a meu respeito

Com ele ao vê-la, e que, apesar

De em meu caráter não notar defeito,

Ela acha que eu não sei nadar.

Ele falou-lhes que eu não tinha ido

(e não há dúvidas aqui),

se ela insistisse neste desmentido,

o que seria então de ti?

Dei um a ela — a ele, deram dois,

Deste-nos três ou mais de três

E ele te devolveu todos, depois,

Que foram meus alguma vez.

Caso ela ou eu tenhamos de verdade

Nos envolvido nessa história,

Coloca-os — ele o pede — em liberdade

Como estivéramos outrora.

Parece-me, contudo, que eras (antes

Do acesso dela) um empecilho

Que se criou para manter distantes

Ele de nós e nós daquilo.

Oculta dele que ela os preferia

E que isso seja até o fim

Segredo para os outros, todavia

Sabido só por ti e por mim.”

“É a prova mais importante que examinamos até agora”, disse o Rei, esfregando as mãos; “portanto, o júri poderá...”

“Se alguém aqui puder explicar-me isso”, disse Alice (ela crescera tanto nos últimos minutos que não estava nem um pouquinho receosa de interrompê-lo), “eu lhe pagarei seis pence. Pois eu acho que não tem um pingo de sentido em tudo isso.”

Todos os jurados anotaram em suas lousas: “Ela acha que não tem um pingo de sentido em tudo isso”, porém nenhum arriscou-se a explicar o documento.





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