Capítulo 9 – A História da Falsa Tartaruga
“Você não imagina como estou feliz em revê-la, querida amiga!” disse a Duquesa, enquanto afetuosamente tomava Alice pelo braço e saíam caminhando juntas.
Alice ficou muito contente por vê-la bem-humorada e pensou com seus botões que talvez tenha sido só a pimenta o que a deixara tão feroz quando se encontraram na cozinha. “Quando eu for Duquesa”, disse a si mesma (todavia num tom não muito esperançoso), “em minha cozinha não haverá pimenta nenhuma. A sopa pode muito bem passar sem isso... Talvez seja sempre a pimenta o que deixa as pessoas tão exaltadas”, continuou a pensar, satisfeita por ter encontrado uma nova espécie de regra, “e o vinagre, o que as deixa azedas... e a camomila, o que as deixa amargas... e o açúcar, o que deixa as crianças doces e amáveis. Queria que as pessoas grandes soubessem disso: assim, não seriam tão mesquinhas com doces e que tais...”
A esta altura tinha-se esquecido totalmente da Duquesa, e teve um leve sobressalto quando ouviu a voz dela em seu ouvido: “Você está pensando em algo, minha querida, e isso faz você se esquecer de falar. Não posso lhe dizer agora qual a moral disso, mas daqui a pouco me lembrarei.”
“Talvez não tenha nenhuma”, Alice arriscou-se a observar.
“Ora, ora, minha criança!” disse a Duquesa. “Tudo tem uma moral, basta saber encontrá-la.” E chegou ainda mais perto de Alice enquanto falava.
Alice não estava gostando nada daquela proximidade: primeiro porque a Duquesa era muito feia, e segundo porque ela tinha a altura exata para apoiar o queixo em seu ombro, e tinha um queixo desagradavelmente pontudo. Entretanto, Alice não queria ser indelicada e por isso teve de aguentar do jeito que pôde.