A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 8: A AVENTURA DO PÉ DO DIABO Pág. 167 / 210

Holmes, e se puder ajudar-nos a esclarecê-la prestar-nos-á um grande serviço.

Eu alimentara a esperança de, por alguma forma, manter o meu companheiro no tranquilo estilo de vida objecto da nossa viagem, mas bastou-me olhar a sua expressão intensa e os seus sobrolhos franzidos para compreender como seriam vãos os meus esforços. Permaneceu em silêncio por uns momentos, absorvido no estranho drama que tinha quebrado o nosso sossego.

- Encarrego-me do caso - disse, por fim. - Tudo indica que se trata de um mistério de natureza excepcional. O senhor foi até lá, Mr. Roundhay?

- Não Mr. Holmes. Mr. Tregennis apareceu no vicariato a contar tudo e apressei-me a vir consultá-lo.

- A que distância fica a casa onde ocorreu tão singular tragédia?

- A cerca de dois quilómetros, para o interior.

- Então iremos a pé. Mas antes gostaria de lhe fazer umas perguntas, Mr. Tregennis.

O outro homem mantivera-se silencioso durante todo o tempo, mas eu observara que a sua excitação, não obstante mais controlada, era superior à emoção do clérigo. Fitava ansiosamente Holmes, o rosto lívido, as mãos finas crispadas. Os lábios descorados tremiam ao ouvir o relato da terrível experiência que se abatera sobre a família e os seus olhos negros pareciam reflectir algo do horror provocado pela cena.

- Pergunte o que quiser, Mr. Holmes - disse, nervoso. - Custa falar do que sucedeu, mas dir-lhe-ei a verdade.

- Fale-me da noite passada.

- Jantei lá, Mr. Holmes, conforme o vigário disse, e o meu irmão mais velho, George, propôs, depois, um jogo de whist. Sentámo-nos por volta das nove. Era um quarto para as dez quando saí. Deixei-os à volta da mesa, o mais alegres possível.





Os capítulos deste livro