A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 2: A AVENTURA DE WISTERIA LODGE Pág. 7 / 210

Quando o carro de cavalos parou no acesso onde a relva crescia à vontade, frente à porta de tinta escamada e acusando as marcas do tempo, perguntei a mim próprio se teria sido prudente ao aceitar o convite de um homem que mal conhecia. Foi ele próprio quem abriu a porta, contudo, e me recebeu com grandes mostras de cordialidade. O criado, melancólico, tomou conta da minha mala e conduziu-me ao meu quarto. O ambiente era o mais depressivo que se possa imaginar. Jantámos sozinhos, e o meu anfitrião, mau-grado se esforçar ao máximo por me fazer boa companhia, parecia continuamente perdido nos seus pensamentos; falava de uma forma tão vaga e descontrolada que eu mal conseguia entendê-lo. Tamborilava constantemente com os dedos na mesa, roía as unhas e manifestava ainda de outras maneiras o seu nervosismo, a sua impaciência. O jantar não estava bem cozinhado nem foi bem servido, e a presença melancólica do taciturno criado não contribuía para nos animar. Garanto-lhes que mais de uma vez nessa noite procurei inventar um pretexto para regressar a Lee.

» Lembro-me de uma coisa que pode ter a ver com o caso que os senhores investigam; na altura não lhe atribuí a menor importância. Estava o jantar quase no fim, o criado entregou um bilhete ao meu anfitrião. Reparei que este, depois de ter lido a mensagem ficou ainda mais estranho e perturbado. Desistiu do esforço para se mostrar convivente e começou a fumar cigarros uns atrás dos outros, em silêncio, entregue aos seus pensamentos, sem fazer qualquer referência ao bilhete. Cerca das onze horas, pude, para meu grande alívio, ir deitar-me. Algum tempo depois, Garcia bateu-me à porta (o quarto estava às escuras) e perguntou-me se eu tinha tocado.





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