» E estamos chegados à parte verdadeiramente espantosa da minha história. Quando acordei, era dia alto. Olhei o relógio: quase nove horas. Pedira para me despertarem às oito e fiquei muito admirado com o desleixo. Levantei-me e toquei a campainha para chamar o criado. Não obtive resposta. Toquei, toquei... Nada! Só então descobri que a campainha não funcionava. Vesti-me apressadamente e desci a correr a escada, muito mal-humorado, a fim de pedir água quente. Imaginam a minha surpresa ao verificar que não havia ninguém. Chamei bem alto no corredor. Nada! Corri então de quarto em quarto: todos desertos. O meu anfitrião mostrara-me na véspera o seu quarto; bati à porta. Não houve resposta. Rodei a maçaneta e entrei. O quarto estava deserto e a cama por desfazer. O meu anfitrião desaparecera também. O anfitrião estrangeiro, o criado estrangeiro, o cozinheiro estrangeiro, tinham todos desaparecido de noite! Foi assim que acabou a minha visita a Wisteria Lodge!
Sherlock Holmes esfregava as mãos e ria por entre dentes, enquanto acrescentava o bizarro incidente à sua colecção de episódios estranhos.
- A sua experiência, tanto quanto me parece, é absolutamente única- disse. -Posso saber o que fez depois, sir?
- Fiquei furioso. A primeira coisa que me ocorreu foi que tinha sido vítima de uma brincadeira absurda. Fiz a mala, bati com aparta da rua e dirigi-me para Esher com a mala na mão. Procurei os Allan Brothers, a principal agência imobiliária da terra, e apurei que haviam sido eles a alugar a casa. Reflectindo, achei que dificilmente o sucedido podia ter em vista rirem-se à minha custa; aquilo era maneira de o meu anfitrião fugir ao pagamento da renda.