O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 8: A Aventura dos Seis Napoleões Pág. 204 / 363

Portanto, embora, como diz, haja centenas de estátuas em Londres, é muito provável que aqueles três bustos fossem os únicos existentes na zona. Assim, um fanático local começaria por eles. Que acha, Dr. Watson?

- Não há limites para as possibilidades da monomania - respondi. - Há uma perturbação, que os psicólogos franceses modernos apelidaram de idée fixe, que pode em si ser irrelevante e acompanhada de absoluta sanidade mental em todos os outros aspectos. Um homem que tenha lido muito acerca de Napoleão, ou que possivelmente tenha sofrido um traumatismo familiar hereditário devido à guerra, poderia de facto formar uma tal idée fixe e, sob a sua influência, ser capaz de qualquer fantástica afronta.

- Essa explicação não serve, meu caro Watson - disse Holmes abanando a cabeça -, pois não há idée fixe suficientemente forte que possibilitasse o seu interessante monomaníaco de descobrir onde estavam aqueles bustos.

- Então, como é que explica o caso?

- Não me proponho explicá-lo por agora. Apenas afirmo que existe um certo método no excêntrico procedimento do cavalheiro. Por exemplo, no hall de entrada do Dr. Barnicot, onde um barulho poderia alertar a família, o busto foi levado para o exterior e só aí partido, ao passo que no consultório de cirurgia, onde havia muito menor perigo de ser dado o alarme, o busto foi quebrado na sala onde estava. O caso parece-me absurdamente insignificante e, no entanto, não ouso chamar insignificante a nada quando penso que os meus casos mais clássicos tiveram um começo o menos promissor possível, lembrar-se-á certamente, Watson, de como o terrível caso da família Abernetty atraiu a minha atenção pela profundidade a que a salsa mergulhara na manteiga num dia quente.





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