O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 12: A Aventura de Abbey Grange Pág. 308 / 363

»Sir Eustace deitou-se por volta das dez e meia. Os criados já tinham ido para a sua ala. Só a minha criada estava a pé, no seu quarto no último andar, à espera de que eu necessitasse dos seus serviços. Estive nesta sala até às onze, entretida a ler um livro. Depois, dei uma volta para ver se estava tudo bem antes de ir para o quarto. Era meu hábito fazer isto pois, como já disse, nem sempre se podia confiar em Sir Eustace. Fui à cozinha, à copa do mordomo, à sala de armas, à sala de bilhar, à sala de estar e, finalmente, à sala de jantar. Ao aproximar-me da janela, que tem pesados cortinados, senti subitamente uma corrente de ar no rosto e percebi que estava aberta. Puxei o cortinado para o lado e deparei com um homem idoso de ombros largos que acabara de entrar na sala. A. janela é uma janela-porta que dá para o relvado. Tinha uma vela acesa na mão e vi, à luz desta, outros dois homens atrás do primeiro, preparando-se para entrar. Recuei, mas o homem agarrou-me. Primeiro agarrou-me pelo pulso e, depois, pelo pescoço. Abri a Doca para gritar, mas ele deu-me um violento murro no sobrolho, o que me fez cair no chão. Devo ter ficado inconsciente durante alguns minutos pois, quando recuperei os sentidos, vi que tinham arrancado o cordão da campainha e me tinham amarrado a uma cadeira de carvalho na cabeceira da mesa. Estava tão fortemente amarrada que não me conseguia mexer e um lenço que me tinham posto na boca impedia-me de fazer qualquer som. Foi nesse instante que o meu marido entrou na sala de jantar. Ouvira certamente ruídos que lhe causaram suspeitas e veio preparado para uma cena como aquela com que deparou. Estava em camisa de noite e calças e empunhava o seu cacete de madeira de abrunheiro.





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