Musas, filhas do céu, vosso inimigo Larcher ainda faz mais: estende-se em elogios à pederastia; ousa dizer que todos os bambinos do meu país são sujeitos a essa infâmia. Pensa salvar-se aumentando o número dos culpados.
Nobres e castas Musas, que detestais igualmente o pedantismo e a pederastia, protegei-me contra mestre Larcher!
E vós, mestre Aliboron, mais conhecido por Fréron, ex-pseudo-jesuíta, vós, cujo Parnaso ora está no manicômio, ora na taverna da esquina; vós, a quem fizeram tanta justiça em todos os teatros da Europa, na honesta comédia da Escocesa; vós, digno filho do padre Desfontaines, que nascestes de seus amores com um desses belos efebos que trazem a lança e a venda, como o filho de Vênus, e que se alçam como ele aos ares, embora nunca tenham ido além do alto das chaminés; meu caro Aliboron, por quem sempre tive tamanha ternura, e que me fizestes rir um mês inteiro no tempo dessa Escocesa, eu vos recomendo a minha Princesa de Babilônia; dize bastante mal dela, a fim de que a leiam.
Não vos esquecerei aqui, gazeteiro eclesiástico, ilustre orador dos convulsionários, membro da igreja fundada pelo padre Bécherand e por Abraham Chaumeix; não deixeis de dizer nas vossas gazetas, tão pias quão eloqüentes e sensatas, que a Princesa de Babilônia é herética, deísta e atéia. Tratai sobretudo de induzir o senhor Riballier a fazer condenar a Princesa de Babilônia pela Sorbona; causareis assim grande prazer a meu livreiro, a quem dei esta pequena história como presente de Ano Bom.
FIM