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Capítulo 3: III

Página 13
.. Olha, Henriqueta... Deixa-me dar-te esse tratamento afectuoso com que nos conhecemos, com que fomos tão amigas, alguns fugitivos dias, no tempo em que o destino nos marcava com o mesmo estigma de infortúnio...”

- “O mesmo... Não!...” - atalhou Henriqueta.

- “O mesmo, sim, o mesmo... E se me forças a contradizer-te, direi que invejo a tua sorte, seja ela qual for...”

Elisa chorava, e Henriqueta emudecera. Carlos estava impaciente pelo desfecho desta aventura, e desejava, ao mesmo tempo, reconciliar estas duas mulheres, e fazê-las amigas, sem saber a razão porque eram inimigas. A beleza impõe-se à compaixão. Elisa era bela, e Carlos era de uma sensibilidade extremosa. A máscara poderia ser, mas a outra era um anjo de simpatia e formosura. O espírito gosta do mistério que esconde o belo; mas decide-se pela beleza real, sem mistério.

Henriqueta, depois de alguns minutos de silêncio, durante os quais não era possível avaliar-lhe o coração pela exterioridade da fisionomia, exclamou com ímpeto, como se despertasse de um sonho, daqueles íntimos sonhos de dor, em que a alma se reconcentra:

- “Teu marido?”

- “Está em Londres.”

- “Há quanto tempo não o vês?”

- “Há dois anos.”

- “Abandonou-te?”

- “Abandonou-me.”

- “E tu?... Abandonaste-o?”

- “Não concebo a pergunta...”

- “Ainda o amas?”

- “Ainda...”

- “Com paixão?”

- “Com delírio...”

- “Escreves-lhe?”

- “Não me responde... Despreza-me, e chama-me Laura.”

- “Elisa!” - disse Henriqueta, com a voz trémula, e apertando-lhe a mão com entusiasmo nervoso - “Elisa! Perdoo-te... És bem mais desgraçada que eu, porque tens um homem que pôde chamar-te Laura, e eu não tenho senão um nome... Sou Henriqueta! Adeus.”

Carlos pasmou do desenlace cada vez mais embrulhado daquele prólogo de um romance.

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Capa do livro Coisas que só eu sei
Páginas: 51
Página atual: 13

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I 1
II 7
III 12
IV 18
V 22
VI 27
VII 32
VIII 36
IX 40
X 46