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Capítulo 1: Capítulo 1

Página 3
esvoaçava em madeixas à sua volta; quando direita, voltando a olhar em frente, havia nos seus olhos negros, olhos grandes, arregalados, um brilho estranho, misto de espanto, timidez e sarcasmo ao mesmo tempo. E também a boca se mostrava crispada, como que por dor ou ironia. Havia nela qualquer coisa de estranho, de inexplicável. Podia que dar-se apoiada numa só anca, observando as aves que perambulavam pela lama fina, repugnante, do pátio em declive, chamando depois a sua galinha favorita, uma galinha branca que respondia pelo nome, vindo a saltitar até junto dela. Mas havia uma espécie de lampejo satírico nos grandes olhos negros de March quando fitava aqueles seres de três dedos que andavam de cá para lá sob o seu olhar atento, notando-se na voz o mesmo tom de ameaça irónica sempre que falava com Patty, a favorita, a qual bicava a bota de March numa amigável demonstração de amizade.

Mas, apesar de tudo o que March fazia por elas, as aves não eram uma criação florescente em Bailey Farm. Quando, de acordo com as regras, começou a dar-lhes comida quente pela manhã, reparou que esta fazia com que ficassem pesadas e sonolentas durante horas. Ela quedava-se, expectante, vendo-as encostadas aos pilares do barracão durante o seu lento processo digestivo. E sabia muito bem que elas deviam andar atarefadas a esgravatar e a debicar por aqui e por ali, isto para haver esperanças de virem a tornar-se de alguma valia. Assim, decidiu passar a dar-lhes a comida quente só à noite, deixando que a digerissem durante o sono. E assim fez. Só que isso não surtiu qualquer efeito.

Por outro lado, os tempos de guerra em que viviam eram bastante desfavoráveis à criação de aves.

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Capa do livro O Raposo
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