Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 9: CAPÍTULO IX

Página 167
- Como trezentos mil réis? - Ponhamos duzentos... Tem a certeza! Com todos esses prados, e os encanamentos de água, e a configuração da serra alterada, e as vacas inglesas, e os edifícios de porcelana e vidro, e as máquinas, a extravagância, e a patuscada bucólica, cada queijo te custa, a ti produtor, duzentos mil réis. Mas com certeza o vendes no Porto por um tostão. Põe cinquenta réis para a caixa, rótulos, transporte, comissão, etc. Tens apenas, em cada queijo, uma perda de cento e noventa e nove mil oitocentos e cinquenta réis!

O meu Príncipe não desanimou. - Perfeitamente! Faço um desses espantosos queijos por semana, ao sábado, para o comermos nós ambos ao domingo!

E tanta energia lhe comunicava o seu novo Otimismo, tão ansiosamente aspirava a criar, que logo, arrastando o Silvério e o Melchior por cabeços e barrancos, largou a percorrer a quinta toda, para determinar onde cresceriam, ao seu mando inspirado, os verdes prados, e se ergueriam, rebrilhantes no sol de Tormes, os currais elegantes. Com a esplêndida segurança dos seus cento e nove contos de renda, não surgia dificuldade, risonhamente murmurada pelo Melchior, ou exclamada, com respeitoso pasmo, pelo Silvério, que ele não afastasse brandamente, com jeito leve, como um galho de roseira brava atravessado numa vereda.

Aquelas rochas, além, empecendo? Que se arrancassem! Um vale importuno dividia dois campos? Que se atulhasse! O Silvério suspirava, enxugando sobre a escura calva um suor quase de angústia. Pobre Silvério! Rijamente sacudido na doce pachorra da sua administração, calculando despesas que se afiguravam sobre-humanas à sua parcimónia serrana, forçado a arquejar, sem descanso, sob soalheiras de Junho, o desgraçado retomara na serra o jeito que Jacinto deixara em Paris, e era ele que corria pelas longas barbas tenebrosas os dedos desalentados.

<< Página Anterior

pág. 167 (Capítulo 9)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Cidade e as Serras
Páginas: 238
Página atual: 167

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 26
CAPÍTULO IV 41
CAPÍTULO V 62
CAPÍTULO VI 75
CAPÍTULO VII 88
CAPÍTULO VIII 105
CAPÍTULO IX 144
CAPÍTULO X 177
CAPÍTULO XI 188
CAPÍTULO XII 195
CAPÍTULO XIII 201
CAPÍTULO XIV 212
CAPÍTULO XV 220
CAPÍTULO XVI 223