Mr. Roger Button, presidente da Roger Button & Co., Grossista de Ferragens, começou a correr na direcção do Dr. Keene com muito menos dignidade do que a esperada de um cavalheiro sulista daquele pitoresco período.
- Dr. Keene! - chamou. - Ó Dr. Keene!
O médico ouviu-o, deu meia volta e parou à espera, com uma expressão curiosa a fixar-se-lhe no rosto severo e clínico à medida que Mr. Button se aproximava.
- O que aconteceu? - perguntou Mr. Button, ao chegar, numa agitação ofegante.
- O que foi? Como está ela? Um rapaz? Quem é? O que...
- Fale com lógica! - ordenou o Dr. Keene, asperamente. Parecia um bocado agastado.
- A criança nasceu? - perguntou, suplicante, Mr. Button.
O Dr. Keene franziu a testa.
- Bem, sim, suponho... é como quem diz... - E lançou outro olhar curioso a Mr. Button.
- A minha mulher está bem?
- Está.
- É um rapaz ou uma rapariga?
- Essa agora! - explodiu o Dr. Keene, extremamente irritado. - Peço-lhe que vá e veja com os seus olhos. Escandaloso! - Soltou a última palavra como se tivesse apenas uma sílaba. Depois virou-se, a resmungar: - Imagina que um caso como este beneficia a minha reputação profissional? Outro igual arruinar-me-ia... arruinaria qualquer um ..
- Mas, afinal, o que se passa? - perguntou Mr. Button, em pânico. - Trigémeos?
- Não, não se trata de trigémeos! - respondeu o médico, cortante. - Sabe que mais? Vá e veja com os seus olhos. E arranje outro médico. Trouxe-o a este mundo, meu rapaz, e há quarenta anos que sou médico da sua família, mas agora acabou-se! Estou farto. Não quero voltar a vê-lo, nunca mais, nem a si nem a qualquer dos seus familiares! Passe bem!
Virou as costas, bruscamente. E, sem dizer mais uma palavra, entrou para o fáeton que o esperava na beira do passeio e partiu com ar severo.