O Grande Gatsby - Cap. 7: Capítulo VII Pág. 138 / 173

Podia perfeitamente relacionar isto com a morte... Podia pensar o que quisesse. Olhei para a casa: havia duas ou três janelas iluminadas em baixo e a claridade rosada do quarto de Daisy no andar de cima.

- Espere aqui - disse eu -, vou ver se há algum sinal de agitação.

Voltei para trás pela beira do relvado, atravessei o saibro de mansinho e subi os degraus para a varanda em bicos de pés. As cortinas da sala de visitas estavam abertas mas não havia lá ninguém. Atravessando a galeria onde tínhamos jantado naquela noite de Junho, três meses ante~, cheguei a um pequeno rectângulo de luz que supus ser a Janela da copa. O estore estava descido, mas descobri uma greta no peitoril e espreitei.

Daisy e Tom estavam sentados, frente a frente, à mesa da cozinha, com uma travessa de frango frito entre eles e duas garrafas de cerveja. Ele estava concentrado a falar-lhe, inclinado para ela, e na sua concentração deixara cair a mão sobre a dela, cobrindo-a. Uma vez por outra, ela erguia os olhos para ele e acenava um assentimento.

Não tinham um, ar feliz e nenhum deles tocara no frango nem na cerveja - mas tristes também não pareciam. Remava claramente, naquele rectangulozinho, uma atmosfera de natural intimidade e qualquer pessoa teria dito que estavam ali em conspiração.

Ao descer do pórtico em bicos dos pés, ouvi o meu táxi a subir às apalpadelas a negra estrada, a caminho da casa. Gatsby continuava à espera no mesmo sítio onde eu o deixara.

- Está tudo calmo lá dentro? - perguntou com ansiedade.

- Sim, está tudo calmo - hesitei. - Era melhor vir para casa e dormir um bocado.

Ele abanou a cabeça.

- Fico aqui à espera que Daisy vá para a cama. Boa noite, meu velho.

Meteu as mãos nos bolsos do casaco e voltou zelosamente a ficar de sentinela à casa, como se a minha presença profanasse a sua sagrada vigília.





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