Noites Brancas - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 39 / 67

— E não veio ainda procurar-me! — respondeu Nastenka, como se tivesse, para tal, reunido todas as suas forças. — Nem uma palavra...

Aqui deteve-se, permaneceu por momentos silenciosa, reclinou a sua cabecinha e, bruscamente, ocultando o rosto entre as mãos, explodiu em soluças que me dilaceraram o coração.

De modo algum esperava semelhante desenlace.

— Nastenka! — comecei com uma voz tímida e persuasiva — , Nastenka!, por amor de Deus, não chore! Quem sabe se ele ainda não chegou...

— Ele está na cidade! — replicou ela. — Está aqui e eu sei-o. Tínhamos combinado uma coisa, naquela noite, na véspera da sua partida: após termos trocado as palavras que lhe narrei, combinámos que viríamos até aqui, justamente até este cais. Eram dez horas; estávamos sentados precisamente neste banco, eu deixara já de chorar, deleitava-me a ouvir o que ele me dizia... Disse-me que logo que chegasse viria a nossa casa e que, se não o repetisse, diríamos tudo à avó. A verdade é que já chegou, tenho a certeza, e nada, nada!...

E de novo se debulhou em pranto.

— Deus meu! Não haverá então qualquer meio de remediar o seu desgosto? — exclamei, erguendo-me do banco, completamente desnorteado. — Diga-me, Nastenka, não poderia eu ir a casa dele?...

— Parece-lhe possível?—perguntou, levantando bruscamente o rosto para mim.

— Não, na verdade, não! — reconheci, desalentado. — Mas veja, há outra solução: escreva-lhe uma carta.





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