Homenagem à Catalunha - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 129 / 193

Já vemos o início de uma divisão perigosa no movimento mundial da classe trabalhadora. Algumas calúnias a mais contra homens que por toda sua vida foram socialistas, mais algumas maquinações como as acusações lançadas ao P.O.U.M., e tal divisão poderá tornar-se irreparável. A única esperança está em manter a controvérsia política em plano no qual seja possível a discussão exaustiva. Entre os comunistas e os que estão ou afirmam estar à esquerda deles existe uma diferença verdadeira. Os comunistas sustentam que o fascismo pode ser derrotado pela aliança com seções da classe capitalista (a Frente Popular), enquanto seus oponentes afirmam que tal manobra serve apenas para proporcionar ao fascismo novos campos de cultura. A questão tem de ser resolvida e adotar a decisão errada poderá levar-nos a séculos inteiros de semi-escravidão. Mas enquanto nenhum outro argumento for apresentado, senão o grito de "trotski-fascismo!" a discussão nem sequer poderá ser iniciada. Ser-me-ia impossível, por exemplo, debater erros e acertos da luta de Barcelona com um membro do Partido Comunista, porque comunista nenhum - isto é, nenhum "bom" comunista - admitiria que eu tenha apresentado um relato fiel dos fatos. Se ele seguisse a "linha" partidária fielmente, teria de afirmar que estou mentindo ou, quando muito, que estou irreparavelmente desorientado e qualquer um que examinasse as manchetes do Daily Worker, a mais de mil quilômetros do local dos acontecimentos conhece melhor o que houve em Barcelona do que eu. Em tais circunstâncias, não pode haver debate, pois não se conseguiria atingir o mínimo indispensável de acordo. Que propósito estará sendo servido ao dizer-se que homens como Maxton estão a soldo dos fascistas? Apenas o objetivo de tornar impossível o debate sério da questão. É como se, em meio a um torneio de xadrez, um dos competidores começasse repentinamente a gritar que o outro é culpado de felonia.




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