Orgulho e Preconceito - Cap. 27: Capítulo XXVII Pág. 167 / 414

Era razoável no entanto acreditar que não durariam muito tempo. Mrs. Gardiner deu também os de-talhes da visita de Miss Bingley. E repetiu conversas que ela, Mrs. Gardiner, tinha tido com Jane, e que provavam que esta última tinha renunciado de coração àquelas relações. Mrs. Gardiner, então, gracejou com a sobrinha a respeito da deserção de Wickham e deu-lhe os parabéns por suportá-la tão bem.

- Mas, minha cara Elizabeth - acrescentou ela -, que espécie de moça é Miss King? Ficaria triste de pensar que o nosso amigo é interesseiro.

- Por favor, minha tia, diga-me qual é a diferença para os negócios matrimoniais entre os motivos interesseiros e os motivos da prudência. Até onde vai a discrição e onde começa a cobiça? No Natal passado, a senhora tinha medo de que Wickham se casasse comigo porque seria uma imprudência. E agora quer achá-lo interesseiro porque está tentando conquistar uma moça que tem dez mil libras de fortuna.

- Se você me disser que espécie de moça é Miss King, eu saberei o que pensar.

- É uma moça muito boa, creio eu; nada sei de mal a seu respeito.

- Mas Wickham não lhe deu a menor atenção, até que a morte do avô a tornou herdeira da fortuna.

- Não, nada mais natural. Se não lhe era permitido conquistar a minha afeição porque eu não tinha dinheiro, por que iria ele fazer a corte a uma moça de quem ele não gostava e que era igualmente pobre?

- Mas parece pouco delicado da parte dele ter se lançado a isto tão pouco tempo depois de lhe ter feito a corte.

- Um homem em situação desesperada não tem tempo para todas essas delicadezas elegantes que outros podem manter. Se ela não se importa, por que nos importaremos nós?

- O fato de ela não se importar não o justifica. Mostra apenas que lhe falta também alguma coisa.





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