Orgulho e Preconceito - Cap. 36: Capítulo XXXVI Pág. 225 / 414

Como é humilhante esta descoberta! Mas como é justa esta humilhação! Eu não poderia ter agido mais cegamente se estivesse apaixonada! Mas a vaidade, não o amor, foi a minha loucura! Lisonjeada com a preferência de uma pessoa e ofendida com a negligência da outra, logo no início das nossas relações cortejei a parcialidade e a ignorância e expulsei a razão. Até este momento eu não conhecia a minha verdadeira natureza."

Enquanto o seu pensamento ia de si mesma para Jane e de Jane para Bingley, logo lhe ocorreu a ideia de que a explicação de Mr. Darcy quanto àquele ponto lhe parecera muito insuficiente. E leu novamente. Muito diferente foi o efeito desta segunda leitura. Como dar valor às afirmações de Mr. Darcy em um ponto e lhe negar no outro? Ele declarava que nem de longe suspeitava da afeição de sua irmã. E Elizabeth não podia deixar de se lembrar da opinião constante de Charlotte. Nem tampouco podia negar que fosse justa a sua descrição de Jane. Ela sabia que Jane, embora capaz de fervor nos seus sentimentos, pouco os exteriorizava. E que havia sempre nas suas maneiras uma placidez que raramente se encontra unida a uma grande sensibilidade.

Quando chegou ao trecho da carta em que a sua família era mencionada, em termos mortificantes porém merecidos, ficou profundamente envergonhada. No entanto, a justiça daquela afirmação era inegável e as circunstâncias que ele mencionava, particularmente as que se referiam ao baile de Netherfield, confirmando as suas primeiras impressões desfavoráveis, não haviam causado uma impressão mais forte na mente dele do que na sua. Elizabeth não ficou insensível ao elogio com que Darcy a gratificara, bem como à sua irmã. E esse elogio suavizava a sua mortificação, mas não compensava o desprezo que o resto da família atraíra pela sua conduta.





Os capítulos deste livro