Orgulho e Preconceito - Cap. 40: Capítulo XL Pág. 243 / 414

Uma antipatia tão forte como a que eu tinha por ele é um grande incentivo para a inteligência e para a ironia. A gente pode falar mal de um homem continuamente, sem nada exprimir de justo, mas não se pode rir a vida inteira de alguém, sem de vez em quando se esbarrar numa coisa espirituosa.

- Lizzy, estou certa de que quando leu a carta pela primeira vez não encarava as coisas do mesmo modo.

- Realmente, eu não podia. Estava muito perturbada. Posso dizer até infeliz. E depois eu não tinha ninguém com quem falar, não tinha Jane para me consolar, assegurando-me que eu não tinha sido tão fraca e leviana quanto eu sabia que realmente fora. Oh, como eu desejava que você estivesse junto de mim.

- Foi pena que você tenha usado de expressões tão fortes falando de Wickham para Mr. Darcy. Pois agora vê-se claramente que foram imerecidas.

- Certamente. Mas a infelicidade de falar amarguradamente é uma consequência natural da parcialidade de que me tinha tornado culpada. Há um ponto sobre o qual eu quero o seu conselho. Quero saber se devo ou não revelar aos nossos conhecidos qual é o carácter real de Wickham.

Miss Bennet fez uma pequena pausa e depois respondeu:

- Acho que não há motivo para uma tão terrível denúncia. Que pensa você?

- Acho que isto não deve ser feito. Mr. Darcy não me autorizou a tornar públicas as suas declarações; pelo contrário, recomendou-me que guardasse exclusivamente para mim todos os detalhes relativos à sua irmã. E se eu não mencionar este fato central, quem me acreditará? A má vontade geral contra Mr. Darcy é tão violenta que metade dos habitantes de Meryton morreria se eu tentasse colocá-lo sob uma luz mais favorável. Não tenho forças para isto. Wickham dentro em pouco partirá. E, portanto, pouco importa que ninguém aqui saiba o que ele é realmente.





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