Orgulho e Preconceito - Cap. 43: Capítulo XLIII Pág. 275 / 414

- Mas talvez ele seja um pouco excêntrico nas amabilidades - replicou Mr. Gardiner. - Os homens importantes em geral o são. E portanto não tomarei ao pé da letra o convite que ele me fez para pescar, pois é possível que mude de ideia amanhã e me expulse do seu parque.

Elizabeth sentiu que eles se tinham enganado redondamente sobre o carácter de Mr. Darcy, mas não disse nada.

- Pelo que vimos dele - continuou Mrs. Gardiner -, eu jamais poderia pensar que fosse capaz de agir tão cruelmente com qualquer pessoa como fez com o pobre Wickham. A sua expressão não revela mal carácter, pelo contrário, ele tem um modo de mover os lábios, quando fala, que muito

me agrada. E há uma dignidade no seu rosto que dificilmente daria a alguém uma ideia desfavorável do seu coração. Aliás, a boa mulher que nos mostrou a casa lhe atribuiu o mais brilhante dos caracteres. Às vezes eu não podia me impedir de rir alto. Creio que ele deve ser um patrão condescendente e, aos olhos de um criado, isto resume todas as virtudes.

Elizabeth sentiu então que deveria dizer alguma coisa para justificar o procedimento de Darcy em relação a Wickham. E portanto deu a entender aos tios, da forma mais reservada que podia, que, pelo que ouvira dos seus parentes no Kent, os seus atos eram suscetíveis de uma interpretação inteiramente diferente. E que o seu carácter nem de longe era tão defeituoso quanto o tinham suposto no Hertfordshire; por outro lado o de Wickham estava longe de ser tão perfeito. E para confirmar o que lhe dizia relatou os detalhes de todas as transações pecuniárias em que se tinha envolvido, sem dar o nome da pessoa que a informara, porém acrescentando que era digna de todo o crédito. Mrs. Gardiner ficou surpreendida e preocupada.





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