Orgulho e Preconceito - Cap. 45: Capítulo XLV Pág. 289 / 414

E Darcy tinha falado em Elizabeth em termos tão elogiosos que Georgiana se dispusera a encontrar nela todos os encantos e todas as qualidades imagináveis. Quando Darcy voltou ao salão, Miss Bingley não pôde se impedir de repetir uma parte das coisas que dissera à irmã dele.

- Achei Eliza Bennet muito maldisposta esta manhã - exclamou ela. - Nunca vi uma pessoa mudar tanto em tão pouco tempo. A sua pele está tão escura e tão áspera! Louise e eu estávamos dizendo que quase não a reconhecemos.

Por muito que estas palavras desagradassem a Mr. Darcy, ele se limitou a responder friamente que não percebera nela nenhuma alteração, a não ser que estava um pouco queimada, fato que nada tinha de milagroso, quando uma pessoa viajava no verão.

- Aliás - continuou Miss Bingley -, devo confessar que nunca encontrei nenhuma beleza nela. O rosto é fino demais. A pele não tem brilho. E os traços não são nada bonitos. Ao nariz falta carácter, não há força nas suas linhas, os dentes são passáveis, mas nada têm de extraordinário. Quanto aos olhos, que ouvi dizer algumas vezes que são bonitos, não vejo neles nada de excepcional. O modo de olhar é duro e falso. E nas suas maneiras há uma vaidade sem elegância que acho intolerável.

Miss Bingley estava persuadida de que Darcy admirava Elizabeth; aquela não era portanto a melhor maneira de se recomendar aos olhos dele. Mas o ciúme a fazia perder a cabeça. Todo êxito que obteve foi de vê-lo afinal um pouco irritado. No entanto ele permaneceu resolutamente calado. Decidida a fazê-lo falar, ela prosseguiu:

- Lembro-me, quando a vi pela primeira vez no Hertfordshire, como nos surpreendemos de que ela tivesse a fama de ser bonita. Lembro-me especialmente de ouvi-lo dizer, certa noite, depois de um jantar a que foram convidados em Netherfield: "Se ela é bonita, então a mãe dela é inteligente".





Os capítulos deste livro