As Viagens de Gulliver - Cap. 3: Capítulo I Pág. 32 / 339

O posto é conquistado por aquele que consegue saltar mais alto sem cair. É frequente que se requeira aos mais importantes ministros que demonstrem a sua habilidade e convençam o imperador de que não perderam faculdades. É permitido a Flimnap, o tesoureiro, fazer uma cambalhota sobre a corda esticada, a uma altura de uma polegada mais do que a usual no império. Vi-o dar várias cambalhotas seguidas sobre uma tábua fixada a uma corda que não era mais grossa que o vulgar cordel de embrulho que usamos em Inglaterra. Julgo e procuro ser imparcial que o meu amigo Reldresal, secretário do Interior, é o mais hábil depois do das Finanças; os restantes dignitários estão a um nível algo inferior.

Nestes saraus acontecem, com frequência, acidentes e lesões aos que não praticam malabarismos, e que são a maioria. Eu próprio presenciei ocorrerem fracturas a dois ou três candidatos. Mas o perigo aumenta quando se pede aos ministros que demonstrem a sua habilidade, dado que, na competição para se superarem a si mesmos e aos outros, esforçam-se a tal ponto que não há nenhum que não tenha sofrido uma queda, e alguns até mais do que uma queda. Asseguraram-me que, um ou dois anos antes da minha chegada, Flimnap teria partido irremediavelmente a nuca se um dos coxins do rei, que estava por acaso no solo, não tivesse amortecido o tremendo impacte.

Há também uma diversão que só se realiza ante o imperador, a imperatriz e o primeiro-ministro. O imperador coloca sobre uma mesa três finos fios de seda de seis polegadas de comprimento. Um azul, outro vermelho e o terceiro verde. Tais fios constituem os prémios para aqueles a quem o imperador deseja distinguir com uma insígnia própria da honra a conceder.





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