A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 6: A AVENTURA DO DETECTIVE MORIBUNDO Pág. 136 / 210

A falta de tabaco é que me custa mais. Ah, aqui estão cigarros... - Ouvi o raspar de um fósforo. - Assim é muito melhor! Viva! O que ouço serão os passos de um amigo?

A porta abriu-se e o inspector Morton apareceu.

- Tudo em ordem. É este o seu homem - disse Holmes.

O polícia fez os avisos habituais.

- Prendo-o pelo assassínio de Victor Savage - concluiu.

- E pode acrescentar a tentativa de assassínio de Sherlock Holmes - observou o meu amigo, rindo. - Para ajudar um inválido, Mr. Culverton Smith teve a amabilidade de accionar o sinal combinado, alteando o gás. É verdade, inspector, o prisioneiro tem no bolso do casaco uma caixinha que será conveniente recuperar. Obrigado. No seu lugar, pegava-lhe com cuidado, Ponha-a aqui. Desempenhará o seu papel no tribunal.

Houve uma súbita agitação, seguida de um ruído de ferros e de um grito de dor.

- Ainda se aleija - disse o inspector. - Quieto! Ouviu-se o estalido das algemas a fecharem-se.

- Bela armadilha! - exclamou a voz alta e cínica. - Você é que vai parar ao tribunal, Holmes, não eu. Ele pediu-me para vir aqui curá-lo. Eu tive pena dele e vim. Agora vai inventar, está visto, que eu disse não sei quê que corrobora as suas suspeitas de louco. Minta à vontade, Holmes. A minha palavra vale tanto como a sua.

- Meu Deus! - exclamou Holmes. - Tinha-me esquecido completamente dele! Meu caro Watson, devo-lhe mil desculpas. Pensar que me esqueci de si! Não preciso de o apresentar a Mr. Culverton Smith, uma vez que já falou com ele, tanto quanto julgo saber. Tem o trem à espera? Vou vestir-me para vos acompanhar. Posso ser útil na esquadra.

Enquanto se vestia e retemperava com um copo de clarete e umas bolachas, Holmes observou:

- Nunca precisei tanto disto como hoje.





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