- Mas o seu aspecto, Holmes, o seu rosto agónico…
- Três dias de jejum não melhoram o aspecto de ninguém, Watson. Quando ao resto, não há nada que uma esponja não possa curar. Com vaselina na frente, beladona num olho, rouge nas faces e camadas de cera à volta dos lábios, obtém-se um efeito muito satisfatório. Muitas vezes tenho pensado em escrever uma monografia sobre simulação de doenças. Uma conversa ocasional acerca de meias coroas, ostras ou outra qualquer coisa a despropósito produz um interessante efeito de delírio.
- Mas porque não me deixou aproximar se não havia riscos de uma infecção?
- Que pergunta, meu caro Watson! Pensa que não respeito os seus talentos profissionais? Imaginaria eu que o seu olho clínico se deixaria enganar por um moribundo sem febre e com pulso normal, apesar de fraco? A dois passos, consegui iludi-lo. Se não conseguisse, quem me traria Smith? Não, Watson, eu não tocaria na caixa. Se a observar de perto, verá o ponto onde a mola, aguçada como o dente de uma víbora, saltou ao correr da tampa.