Histórias Extraordinárias - Cap. 3: O PARASITA Pág. 38 / 136

- O professor Gilroy não está satisfeito - disse ela, fixando-me com os seus estranhos olhinhos. - O meu pobre leque vai ter toda a honra desta experiência. Ora bem!, vamos tentar outra coisa. Miss Marden, levantaria alguma objecção se eu a adormecesse?

- Oh, não! Até gostaria muito! - exclamou Agathe.

Neste momento, toda a gente se tinha agrupado em círculo à nossa volta, os homens de gravata branca, as mulheres de gargantilha branca, uns fascinados, as outras de espírito alerta, como se se tratasse de uma cena mista de cerimónia e de representação dada por um mágico.

Haviam empurrado até ao meio da sala uma poltrona de veludo encarnado.

Agathe tinha-se ali sentado, um pouco confusa e agitada por um ligeiro frémito devido à ideia da experiência, tal como eu me apercebia pelo frémito das espigas de trigo.

Miss Penelosa levantou-se da cadeira e inclinou-se para ela, apoiada na bengala.

E ocorreu uma transformação nesta mulher.

Deixara de ter a aparência pequenez ou de insignificância. Parecia ter rejuvenescido vinte anos.

Os olhos brilhavam, um suave tom de frescura espalhava-se-lhe pelas faces pálidas e toda a sua pessoa parecia ter-se dilatado.

Foi assim que vira um rapaz novo, de ar triste e distraído, assumir instantaneamente um ar animado, cheio de vivacidade, quando lhe davam uma tarefa a realizar para a qual sentia toda a sua força.

Lançava a Agathe um olhar cuja expressão me feriu até ao fundo da alma.

Era o olhar que uma imperatriz romana teria lançado à escrava ajoelhada à sua frente.

Depois, com um gesto imperioso e breve, ergueu os braços e passeou-os lentamente fazendo-os descair diante de Agathe.

Examinei esta atentamente.

Durante três passes, pareceu simplesmente divertida.





Os capítulos deste livro