A Princesa da Babilónia - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 21 / 82

Levaram seis meses inteiros para curar da sua enfermidade ao rei das Índias. Quando julgaram os médicos que ele tinha o pulso mais tranquilo e o espírito mais assentado, apresentaram o competente certificado ao conselho dos gangáridas. Esse conselho, depois de ouvir a opinião dos unicórnios, mandou humanamente de volta ao seu país o rei das Índias, e mais a sua tola Corte e os seus imbecis guerreiros. Tal lição os tornou sensatos e, desde essa época, os indianos têm respeitado os gangáridas, como os ignorantes que desejam instruir-se respeitam, entre vós, os filósofos caldeus, a que não podem igualar-se.

- A propósito, meu querido pássaro - Indagou a princesa, - há uma religião entre os gangáridas?

- Se há uma religião? Todos os dias de lua cheia, nós nos reunimos para dar graças a Deus, os homens num grande templo de cedro, as mulheres em outro, para evitar distrações, bem como todos os pássaros num bosque, e os quadrúpedes num belo prado. Agradecemos a Deus todos os bens que nos proporcionou. Temos principalmente papagaios, que pregam às mil maravilhas.

»Tal é a, pátria do meu caro Amazan, é lá que eu resido; tanta amizade dedico a Amazan quanto amor ele inspirou a Vossa Alteza. Por vontade minha, partiríamos juntos agora, e a princesa lhe pagaria a visita.

- Bela ocupação a tua, meu querido pássaro - respondeu, sorrindo, a princesa, que ardia de desejos de fazer a viagem, e não ousava confessá-lo.

- Eu sirvo a meu amigo - disse o pássaro - e, depois da felicidade de vos amar, a maior é a de servir a vossos amores.





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