A Princesa da Babilónia - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 4 / 82

O rei cita, olhando o arco e os seus rivais, não se queixou de ser o terceiro.

Enquanto se preparavam essas brilhantes provas, vinte mil pajens e vinte mil raparigas distribuíam com toda a ordem refrescos aos espectadores. Todos confessavam que os deuses só haviam instituído os reis para que dessem festas todos os dias, contanto que fossem variadas; que a vida é demasiado curta para que a empreguemos de outra forma; que os processos, as intrigas, a guerra, as disputas dos sacerdotes, que consomem a vida humana, são coisas absurdas e horríveis; que o homem nasceu para a alegria; que não amaria apaixonada e continuamente os prazeres se não fora formado para eles; que essência da natureza humana é deleitar-se, e todo o resto é loucura. Essa excelente moral nunca foi desmentida senão pelos factos.

Quando iam começar as justas que deviam decidir do destino de Formosante, apresentou-se um jovem desconhecido montado num unicórnio, acompanhado de seu escudeiro em igual montaria, e trazendo ao punho um grande pássaro. Os guardas ficaram surpresos ao ver em tal equipagem um vulto que tinha um ar de divindade. Era, como depois se disse, o rosto de Adónis sobre o corpo de Hércules; era a majestade unida à graça. Suas sobrancelhas negras e seus longos cabelos loiros, combinação de beleza desconhecida em Babilônia, encantaram a assembleia; todo o anfiteatro ergueu-se para melhor o contemplar; todas as mulheres da Corte fixaram nele olhares atônitos. A própria Formosante, que sempre baixava os olhos, ergueu-os e enrubesceu; os três reis empalideceram; todos os espectadores, comparando Formosante com o desconhecido, exclamavam: "Não há no mundo senão esse jovem que seja tão belo como a princesa".





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