A Princesa da Babilónia - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 56 / 82

- Aconselho-o a fazer essa viagem - disse o albionense - se aprecia a música e a pintura. Nós próprios vamos seguidamente levar o nosso tédio às sete montanhas. Mas o amigo há de ficar muito espantado quando vir os descendentes de nossos vencedores.

A conversação foi longa. O belo Amazan, embora tivesse o cérebro um tanto perturbado, falava com tal graça, tão tocante era a sua voz, tão nobre e amável a sua atitude, que a dona da casa não pôde deixar, por sua vez, de conversar a sós com ele. Enquanto lhe falava, apertava-lhe ternamente a mão, e fitava-o com olhos húmidos e brilhantes que acordavam os desejos em todas as molas vitais. Reteve-o para a ceia e a pousada. Cada instante, cada palavra, cada olhar mais inflamavam a paixão da dama. Logo que todos se recolheram, escreveu-lhe um bilhetinho, esperando que ele fosse fazer-lhe a corte no leito, enquanto milorde Que Importa dormia no seu. Amazan teve ainda coragem de resistir, tal o maravilhoso efeito que produz um grão de loucura numa alma forte e profundamente atingida.

Amazan, segundo o seu costume, escreveu à dama uma resposta respeitosa, em que alegava a santidade do seu juramento e a estrita obrigação em que se achava de ensinar a princesa de Babilônia a dominar as suas paixões. Depois mandou atrelar os unicórnios e regressou à Batávia, deixando todos encantados com ele e a dona da casa desesperada. No seu desespero, esqueceu-se ela de guardar a carta de Amazan; milorde Que Importa leu-a na manhã seguinte. "Quanta baboseira!" - disse ele, dando de ombros, e foi à caça da raposa com alguns bêbedos da vizinhança.

Amazan já navegava em alto mar, munido de uma carta geográfica que lhe presenteara o sábio albionense com quem conversara em casa de milorde Que Importa.





Os capítulos deste livro