A Princesa da Babilónia - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 6 / 82

Puseram o arco entre as mãos do rei das Índias, o qual ficou com empolas por quinze dias, e consolou-se pensando que o rei dos citas não seria mais feliz do que ele.

O cita manejou o arco por sua vez. Juntava a habilidade à força: o arco pareceu adquirir alguma elasticidade em suas mãos; fê-lo ceder um pouco, mas não conseguiu distendê-lo. O anfiteatro, a quem o bom aspecto desse príncipe inspirava favoráveis inclinações, lamentou seu pouco sucesso e julgou que a bela princesa jamais se casaria.

Então o jovem desconhecido desceu de um salto à arena e, dirigindo-se ao rei dos citas:

- Não se espante Vossa Majestade - disse-lhe ele - de não haver obtido inteiro sucesso. Esses arcos de ébano são fabricados na minha terra: há determinado modo de os manejar. Tendes muito mais mérito em havê-lo feito ceder do que eu possa ter em retesá-lo.

Em seguida tomou uma flecha, ajustou-a na corda, retesou o arco de Nemrod e fez voar a flecha muito além das barreiras. Um milhão de mãos aplaudiu esse prodígio. Babilônia reboou de aclamações, e todas as mulheres diziam:

- Que felicidade que tão belo rapaz tenha tanta força!

Tirou em seguida do bolso uma lâmina de marfim, escreveu nela com um estilete de ouro, prendeu a chapa de marfim ao arco, e apresentou tudo à princesa com uma graça que encantava a todos os assistentes. Depois foi modestamente para o seu lugar, entre o seu criado e o seu valete. Babilônia inteira estava no auge da surpresa, os três reis desconcertados, e o desconhecido não parecia aperceber-se de nada disso.

Formosante ainda ficou mais espantada quando leu, na chapa de marfim presa ao arco, estes versos em bela linguagem caldaica:





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