A Princesa da Babilónia - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 60 / 82

Explicaram-lhe então muito divertidamente e com gestos muito cômicos, segundo o seu costume, de que coisa se tratava. Amazan ficou perplexo: "Tenho viajado - disse ele, - mas nunca ouvira falar de tal fantasia".

Depois de cantarem bastante, o Velho das Sete Colinas chegou, em pomposo cortejo, à porta do templo; cortou o ar em quatro com o polegar erguido, dois dedos estendidos e os dois outros dobrados, dizendo estas palavras em uma língua que ninguém mais falava. À cidade e ao universo. O gangárida não conseguia compreender que dois dedos pudessem alcançar tão longe.

Viu logo desfilar toda a corte do senhor do mundo: compunha-se de graves personagens, uns de vermelho, outros de violeta; quase todos fitavam o belo Amazan com olhos dengosos; faziam-lhe reverências e diziam entre si: San Martino, che bel ragazzo! San Pancratio, che bel fanciullo!

Os ardentes cujo ofício consistia em mostrar aos estrangeiros as curiosidades da cidade, empenharam-se em fazê-lo ver construções onde um arrieiro não desejaria passar a noite, mas que tinham sido outrora dignos monumentos da grandeza de um povo-rei. Viu ainda quadros de duzentos anos e estátuas de mais de vinte séculos, que lhe pareceram obras-primas.

- Ainda fazem obras assim?

- Não, Excelência - respondeu-lhe um dos guias, - mas desprezamos o resto do mundo porque conservamos essas raridades. Somos uma espécie de adelos que nos orgulhamos das velhas roupas que ficaram em nosso estabelecimento.

Amazan mostrou desejo de ver o palácio do príncipe; levaram-no até lá. Viu homens de violeta que contavam o dinheiro das rendas do Estado: tanto de uma terra situada à margem do Danúbio, tanto de outra à margem do Loire, ou do Guadalquivir, ou do Vístula.

- Oh! Oh! - exclamou Amazan, após haver consultado a sua carta geográfica, - o seu senhor possui então toda a Europa, como esses antigos heróis das sete montanhas?





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