A Princesa da Babilónia - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 65 / 82

Novos gêneros de eloquência ostentaram sublimes belezas. Os teatros, sobretudo, ecoaram de obras-primas de que nenhum povo jamais se aproximou. O bom gosto, enfim, se espalhou por todas as profissões, a tal ponto que houve bons escritores até mesmo entre os druidas.

Tantos louros, que se haviam erguido até as nuvens, em breve secaram numa terra exausta. Não restou mais que um insignificante número, cujas folhas eram de um verde pálido e moribundo. A decadência foi produzida pela facilidade de fazer e a preguiça de fazer bem, pela saciedade do belo e o gosto do excêntrico. A vaidade protegeu artistas que faziam voltar os tempos da barbárie; e essa mesma vaidade, perseguindo os verdadeiros talentos, forçou-os a deixar a pátria; os zangãos fizeram desaparecer as abelhas.

Quase que não havendo verdadeiras artes, quase não havia gênio; todo o mérito do século passado; o borrador das paredes de uma taverna criticava sapientemente os quadros dos grandes pintores; os borradores de papel desfiguravam as obras dos grandes escritores. A ignorância e o mau gosto tinham outros borradores a seu serviço; repetiam-se as mesmas coisas em cem volumes, sob títulos diferentes. Tudo era ou dicionário ou brochura. Um gazeteiro druida escrevia duas vezes por semana os anais obscuros de alguns energúmenos ignorados da nação e prodígios celestes operados em águas-furtadas por pequenos maltrapilhos; outros ex-druidas, vestidos de negro, prestes a morrer de raiva e de fome, queixavam-se em cem escritos de que não mais lhes permitissem enganar os homens, e que deixassem esse direito a bodes vestidos de cinzento. Alguns arquidruidas imprimiam libelos difamatórios.





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