A Princesa da Babilónia - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 66 / 82

Amazan nada sabia disso tudo; e, mesmo que o soubesse, pouco lhe importaria, tão ocupado tinha o espírito com a princesa de Babilônia, o rei do Egito, e o seu inviolável juramento de desprezar as faceirices das damas, em qualquer país onde o sofrimento lhe conduzisse os passos.

Todo o populacho leviano, ignorante, e sempre exagerado nessa curiosidade peculiar ao gênero humano, se comprimiu por muito tempo em torno dos seus unicórnios; as mulheres, mais sensatas, forçaram-lhe as portas da moradia para contemplar a sua pessoa.

Testemunhou, no princípio, a seu hospedeiro, desejos de ir à Corte; mas alguns ociosos da boa vida, que ali se encontravam por acaso, lhe disseram que isso passara de moda, que os tempos eram outros e só havia prazeres na cidade. Na mesma noite, recebeu convite para cear em casa de uma dama cujo espírito e talentos eram conhecidos fora de sua pátria, e que tinha viajado em alguns países por onde Amazan passara. Apreciou muito aquela dama e a sociedade reunida em seus salões. A liberdade era ali decente, a alegria não era ruidosa, a ciência nada tinha de desgostante, nem o espírito nada de afetado. Viu que o nome de boa sociedade não é um nome vão, embora seja muitas vezes usurpado. No dia seguinte jantou numa sociedade não menos amável, mas muito mais voluptuosa. Quanto mais satisfeito estava com os convivas, tanto mais se agradavam dele. Sentia a alma abrandar e dissolver-se como os aromas de seu país se fundem suavemente a um fogo moderado, exalando-se em perfumes deliciosos.

Após o jantar, levaram-no a um espetáculo encantador, condenado pelos druidas, porque lhes roubava o auditório de que eram mais ciumentos. Esse espetáculo era um conjunto de versos agradáveis, de cantos deliciosos, de danças que exprimiam os movimentos da alma, e de perspectivas que encantavam os olhos, iludindo-os.





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