A Princesa da Babilónia - Cap. 11: Capítulo 11 Pág. 75 / 82

Esses monstros sagrados de que purgastes a terra eram os meus senhores em nome do Velho das Sete Colinas; via-me obrigado a suportar seu criminoso poder. Se pretendesse ao menos moderar as suas abomináveis atrocidades, o meu povo me teria abandonado. Hoje eu respiro, eu reino, e a vós o devo.

Em seguida beijou respeitosamente a mão de Formosante e pediu-lhe que subisse, com Amazan, Irla e a fênix, no seu carro de oito mulas. Os dois palestinos, banqueiros da Corte ainda prosternados de terror e reconhecimento, afinal se ergueram; e a tropa dos unicórnios escoltou o rei da Bética até o palácio.

Como a dignidade do rei de um povo grave exigia que suas mulas marchassem a passo, Amazan e Formosante tiveram tempo de contar-lhe as suas aventuras. Ele também conversou com a fênix, admirou-a, e beijou-a mil vezes. Reconheceu quanto eram ignorantes, brutais e bárbaros os povos do Ocidente, que comiam os animais e não mais compreendiam a sua linguagem; que só os gangáridas haviam conservado a natureza e a dignidade primitiva dos homens; mas convinha sobretudo em que os mais bárbaros dos mortais eram aqueles inquiridores antropokaias de que Amazan acabava de purgar o mundo. Não cessava de o abençoar e agradecer-lhe. A bela Formosante esquecia já a aventura da mulher de negócio e só tinha a alma cheia do valor daquele herói que lhe salvara a vida. Amazan, ciente da inocência do beijo dado no rei do Egito e da ressurreição da fênix, experimentava uma pura alegria e estava embriagado do mais violento amor.

Jantaram em palácio e passaram muito mal. Os cozinheiros da Bética eram os piores da Europa. Amazan aconselhou que os mandassem buscar nas Gálias. Os músicos do rei executaram durante a refeição aquela peça famosa que foi chamada, no decorrer dos séculos, as Loucuras da Espanha. Depois da refeição, falaram de negócios.





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