A Princesa da Babilónia - Cap. 11: Capítulo 11 Pág. 81 / 82

Ó Musas, a quem sempre invocam no princípio das obras, somente no fim eu vos imploro. É em vão que me censuram dar graças sem ter dito o benedicite. Nem por isso, ó Musas, me havereis de proteger menos. Impedi que os continuadores temerários estraguem com as suas fábulas as verdades que ensinei aos mortais nesta fiel narrativa, assim como ousaram falsificar Cândido, o Ingênuo, e as castas aventuras da casta Joana que um ex-capuchinho desfigurou em versos dignos dos capuchinhos, em edições batavas. Que não causem tal transtorno a meu tipógrafo, encarregado de numerosa família, e que mal possui com que adquirir caracteres, papel e tinta.

Ó Musas, imponde silêncio ao detestável Coger, professor de parolagem no colégio Mazarino, que não ficou contente com os discursos morais de Belisário e do imperador Justiniano e escreveu infames libelos difamatórios contra esses dois grandes homens.

Ponde uma mordaça no pedante Larcher que, sem saber uma palavra do antigo babilônio, sem ter viajado, como eu, pelas margens do Eufrates e do Tigre, teve a imprudência de sustentar que a bela Formosante, e a princesa Aldeia, e todas as mulheres daquela respeitável Corte, iam dormir, por dinheiro, com todos os palafreneiros da Ásia, no grande templo de Babilônia, devido a princípios religiosos. Esse libertino de colégio, vosso inimigo e inimigo do pudor, acusa as belas egípcias de Mendes de só terem amado os bodes, tencionando secretamente, sob esse exemplo, fazer uma viagem ao Egito, para conseguir afinal aventuras galantes. Como não conhece nem o moderno nem o antigo, insinua, na esperança de se introduzir junto a alguma velha, que a nossa incomparável Ninon, na idade de oitenta anos, dormiu com o padre Gédoin, da Academia Francesa e da Academia de Inscrições e Belas Letras.





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