O Cortiço - Cap. 11: Capítulo 11 Pág. 133 / 239

abafando o seu pranto, envergonhada e corrida.

A impudica, mal orientada ainda e sem conseguir abrir os olhos, procurou animá-la, ameigando-lhe a nuca e as espáduas. Mas Pombinha parecia inconsolável, e a outra teve de erguer-se a meio e puxá-la como uma criança para o seu colo, onde ela foi ocultando o rosto, a soluçar baixinho.

— Não chores assim, meu amor!...

Pombinha continuou a soluçar.

— Vamos! Não quero ver-te deste modo!... Estás zangada comigo?...

— Não volto mais aqui! nunca mais! exclamou por fim a donzela, desgalgando o leito para vestir-se.

— Vem cá! Não sejas ruim! Ficarei muito triste se estiveres mal com a tua negrinha!... Anda! Não me feches a cara!...

— Deixe-me!

— Vem cá, Pombinha!

— Não vou! Já disse!

E vestia-se com movimentos de raiva. Léonie saltara para junto dela e pôs-se a beijar-lhe, à força. os ouvidos e o pescoço, fazendo se muito humilde, adulando-a, comprometendo-se a ser sua escrava, e obedecer-lhe como um cachorrinho, contanto que aquela tirana não se fosse assim zangada.

— Faço tudo! tudo! mas não fiques mel comigo! Ah! se soubesse como eu te adoro!...

— Não sei! Largue-me!...

— Espera!

— Que amolação! Oh!

— Deixa de tolice!... Escuta, por amor de Deus!

Pombinha acabava de encasar o último botão do corpinho, e repuxava o pescoço e sacudia os braços, ajustando bem a sua roupa ao corpo. Mas Léonie caíra-lhe aos pés, enleando-a pelas pernas e beijando-lhe as saias.

— Olha!... Ouve!... — Deixa-me sair!

— Não! não hás de ir zangada, ou faço aqui um escândalo dos diabos! — E que mamãe já acordou com certeza!...

— Que acordasse!

Agora a meretriz defendia a porta da alcova.

— Oh! meu Deus! Deixe-me sair!

— Não deixo, sem fazermos as pazes...

— Que aborrecimento!

— Dá-me um beijo!

— Não dou!

— Pois então não sais!

— Eu grito!

— Pois grita! Que me importa!

— Arrede-se daí, por favor!...

— Faz as pazes...

— Não estou zangada, creia! Estou é indisposta... Não me sinto boa!





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