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— Mas eu faço questão do beijo!
— Pois bem! Está ai!
E beijou-a.
— Não quero assim! Foi dado de má vontade!...
Pombinha deu-lhe outro.
— Ah! Agora bem! Espera um nada! Deixa arranjar-me! É um instante!
Em três tempos, lavou-se ligeiramente no bidê, endireitou o penteado defronte do espelho, num movimento rápido de dedos, e empoou-se, perfumou-se, e enfiou camisa, anágua e penteador, tudo com uma expedição de quem está habituada a vestir-se muitas vezes por dia. E, pronta, correu uma vista de olhos pela menina, desenrugou-lhe a saia, consertou-lhe melhor os cabelos e, readquirindo o seu ar tranquilo de mulher ajuizada, tomou-a pela cintura e levou-a vagarosamente até à sala de jantar, para tomarem vermute com gasosa.
O jantar foi às seis e meia. Correu frio, não tanto por parte de Pombinha, que aliás se mostrava bem incomodada, como porque Dona Isabel, dormindo até o momento de a chamarem para mesa, sentia-se aziada com o foie-gras. A dona da casa, todavia, não se forrou a desvelos e fez por alegrá-las rindo e contando anedotas burlescas. Ao café apareceu Juju, que a criada levara a passear desde logo depois do almoço, e uma afetação de agrados levantou-se em torno da pequerrucha. Léonie pôs-se a conversar com ela, falando como criança, dizendo-lhe que mostrasse a Dona Isabel “o seu sapatinho novo!”
Mais tarde, no terraço, enquanto fumava um cigarro, tomou a mão de Pombinha e meteu-lhe no dedo um anel com um diamante cercado de pérolas. A menina recusou o mimo, formalmente. Foi preciso a intervenção da velha para que ela consentisse em aceitá-lo.
Às oito horas retiraram-se as visitas, seguindo direitinho para a estalagem. Durante toda a viagem Pombinha parecia preocupada e triste.
— Que tens tu?... perguntou-lhe a mãe duas vezes.
E de ambas a filha respondeu:
— Nada! Aborrecimento...
No pouco que dormiu essa noite, que foi a do baralho com a polícia, teve sonhos agitados e passou mal todo o dia seguinte, com molezas de febre e dores no útero. Não arredou pé de casa, nem para ver os