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Capítulo 23: Capítulo 23

Página 237
dois cálices de conhaque.

— Olhe, acrescentou o Botelho; você nem precisa dizer palavra... faça como coisa que não tem nada com isso, compreende?

— E se o homem quiser os ordenados de todo o tempo em que ela esteve em minha companhia?...

— Como, filho, se você não a alugou das mãos de ninguém?!... Você não sabe lá se a mulher é ou era escrava; tinha-a por livre naturalmente; agora aparece o dono, reclama-a e você a entrega, porque não quer ficar com o que lhe não pertence! Ela, sim, pode pedir o seu saldo de contas; mas para isso você lhe dará qualquer coisa...

— Quanto devo dar-lhe?

— Aí uns quinhentos mil-réis, para fazer a coisa à fidalga.

— Pois dou-lhos.

— E feito isso — acabou-se! O próprio Miranda vai logo, logo, ter com você! Verá!

Iam falar ainda, mas o bonde de São Clemente acabava de chegar, assaltado por todos os lados pela gente que o esperava. Os dois só conseguiram lugar muito separados um do outro, de sorte que não puderam conversar durante a viagem.

No Largo da Carioca uma vitória passou por eles, a todo o trote. Botelho vergou-se logo para trás, procurando os olhos do vendeiro, a rir-se com intenção. Dentro do carro ia Pombinha, coberta de jóias, ao lado de Henrique; ambos muito alegres, em pândega. O estudante, agora no seu quarto ano de medicina, vivia à solta com outros da mesma idade e pagava ao Rio de Janeiro o seu tributo de rapazola rico.

Ao chegarem à casa, João Romão pediu ao cúmplice que entrasse e levou-o para o seu escritório.

— Descanse um pouco... disse-lhe.

— É, se eu soubesse que eles se não demoravam muito ficava para ajudá-lo.

— Talvez só venham depois do jantar, tornou aquele, assentando-se à carteira.

Um caixeiro aproximou-se dele respeitosamente e fez-lhe várias perguntas relativas ao serviço do armazém, ao que João Romão respondia por monossílabos de capitalista; interrogou-o por sua vez e, como não havia novidade, tomou Botelho pelo braço e convidou-o a sair.

— Fique para jantar. São quatro e meia, segredou-lhe na escada.

Já não era preciso prevenir lá

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Capa do livro O Cortiço
Páginas: 239
Página atual: 237

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 16
Capítulo 3 27
Capítulo 4 39
Capítulo 5 47
Capítulo 6 53
Capítulo 7 61
Capítulo 8 76
Capítulo 9 89
Capítulo 11 126
Capítulo 12 138
Capítulo 13 147
Capítulo 14 156
Capítulo 15 165
Capítulo 16 175
Capítulo 17 186
Capítulo 18 190
Capítulo 19 196
Capítulo 20 208
Capítulo 21 216
Capítulo 22 227
Capítulo 23 234